A Rede da Gratidão

Como a colaboração pode definir nosso futuro.

Você com certeza já ouviu que o Vale do Silício, nos Estados Unidos, é uma das regiões mais inovadoras do Planeta. Afinal, além de abrigar grandes empresas como Google, Apple e HP, é um grande berço de startups, que surgem a todo momento para sacudir o mercado. O local, que foi inicialmente concebido para suportar as demandas tecnológicas do mundo moderno, recebe cada vez mais investidores e empreendedores.

Mas a que se atribui um sucesso tão expressivo e duradouro? Um estudo publicado no periódico Research Policy aponta que o principal fator que contribui com esse sucesso são as non-compete clauses, regulamentação que permite aos profissionais trocarem de empresas sem a necessidade de um intervalo de tempo, como é corriqueiro em outras regiões, ou seja, não há monopólio do conhecimento.

Essa dinâmica deixa claro que a troca de informações está enraizada como cultura do Vale, muitos profissionais que moraram por lá afirmam que a troca de experiências é a principal e mais marcante característica do lugar, as pessoas realmente estão dispostas a colaborar com o sucesso dos outros. E quem recebe ajuda, acaba, invariavelmente, retribuindo esse favor para outra pessoa no futuro, formando um grande ciclo de solidariedade, onde a regra social de reciprocidade garante a sua manutenção e expansão para um número incalculável de pessoas.

“As sociedades humanas obtêm uma grande vantagem competitiva da regra da reciprocidade e, portanto, zelam para que seus membros sejam educados para obedecê-la e acreditar nela. Cada um de nós foi ensinado a cumprir essa regra e conhece as sanções sociais e o menosprezo reservado para quem quer que a viole.”

Robert B. Cialdini

A reciprocidade não nos é cobrada apenas por capricho. O antropólogo Richard Leakey atribui a essência do que nos torna humanos exatamente à essa regra social. Alega, ainda, que somos o que somos hoje porque nossos ancestrais aprenderam a compartilhar, formando uma Rede de Gratidão: “um mecanismo adaptativo singular dos seres humanos, que permite a divisão do trabalho, a troca de diversas formas de produtos e serviços e a criação de interdependências que conectam os indivíduos em unidades altamente eficientes“.

A sociedade humana, como mostra a história, obteve grande êxito ao formar essas redes, e você, como está cuidando da sua?

O gerenciamento dessas redes de gratidão já virou ciência social: Netweaving, termo criado por Bob Littel, que complementa o tradicional networking e consiste basicamente em ajudar o próximo sem esperar por retorno imediato. Jeffrey Gitomer também cita a importância dessa prática no Livro Negro do Networking: “Você precisa primeiro dar algo de si – e sem fazer contas.”

Seja discutindo soluções, trocando experiências ou fornecendo contatos, o netweaving tem uma enorme força quando é feito por um grupo ou sociedade que não busca obter vantagens desleais.

Agora, você tem mais motivos para colaborar com o próximo, o assunto que parece conselho clichê de mães ou avós, pode lhe trazer muito mais benefícios do que você imagina:

Ao colaborar com o sucesso alheio:

  1. Você aumentará as chances de alguém lhe retribuir no futuro;
  2. Seus grupos ganham uma enorme vantagem competitiva;
  3. O mundo fica bem melhor assim.

 

O Livro Negro do Networking, Jeffrey Gitomer, 2008. As Armas da Persuasão, Robert B. Cialdini, 2009. The Making of Mankind, Richard E. Leakey, 1981. www.netweaving.com. http://m.todayonline.com/tech/silicon-valley-top-innovation-because-ban-non-compete-clauses-study

 

Um comentário em “A Rede da Gratidão”

  1. Precismos produzir mais ” Rede de Gratidão ” e mostrar que dessa forma a sociedade humana evolui num ambiente saudável e prospero ! Na minha opinião infelizmente vejo poucas pessoas se preocupadas nesse desenvolvimento.

    Parabéns ótima publicação !

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