Falando em Público

Supere a insegurança e o medo de falar em público para fazer grandes apresentações

Recentemente, participei de um programa de empreendedorismo interno na minha empresa, algo bem semelhante à uma disputa de startups. Todas as apresentações foram excelentes e de uma variedade incrível, mas, havia algo em comum em quase todos os apresentadores: o medo de falar em público.

Essa insegurança é muito comum, mas pode ter um efeito bastante negativo se não for bem administrada. A oratória nunca foi uma de minhas maiores qualidades, porém, sempre reconheci a importância de dominar essa habilidade, então, pesquisei bastante sobre o assunto e nunca fugi de oportunidades de praticá-la, mesmo que minha mente implorasse pelo contrário. Com isso, consegui uma grande evolução, ainda longe dos meus objetivos, mas que me proporcionou novas chances para praticar ainda mais ao ser indicado para novas apresentações.

Causas do medo

Desde nossos mais antigos antepassados, ter muitos olhos observando um indivíduo nunca foi um sinal de que as coisas estavam indo muito bem, afinal, esta pessoa poderia estar sendo vitima de uma emboscada de animais ferozes ou ataque de rivais. Como vimos no post Conecte-se, estamos constante e involuntariamente fazendo uma avaliação do ambiente que nos cerca e nosso cérebro aprendeu a interpretar essa situação de “centro das atenções” como uma ameaça. Nosso corpo prepara-se então para lutar ou fugir, aumentando a oxigenação, atenção e tensão muscular, para uma possível necessidade de ação física mais drástica. E é daí que pode surgir o medo.

De acordo com a Teoria das Emoções dos psicólogos Willian James e Carl Lange, “as emoções derivam das percepções da mente consciente acerca das nossas condições fisiológicas“. Eles exemplificam sua teoria com o encontro entre um homem e um urso, em que a primeira reação do homem é correr e, por estar correndo, sente medo.

Atualmente, temos agravantes para essa situação, além da posição de lutar ou fugir, que nosso cérebro nos impõe, acabamos complicando ainda mais as coisas. Segundo o especialista no assunto Roberto Shinyashiki, existem 3 principais fatores que podem dificultar ainda mais o desempenho em apresentações e gerar os famosos “brancos“:

  • Sentimento de inferioridade;
  • Obrigação autoimposta de ser perfeito;
  • Medo de errar.

Note que todos esses fatores são causados quando as pessoas pensam nelas mesmas durante as apresentações. Essas inquietações podem ter sido construídas ao longo da formação do indivíduo, as experiências pelas quais passamos influenciam diretamente nossa capacidade de interpretar e reagir às mais diversas situações.

Superando o medo

Agora que contextualizamos o medo de falar em público – de maneira bem sucinta, é verdade, mas de forma que podemos construir um raciocínio – vamos buscar alternativas de superá-lo.

A primeira coisa a se fazer é admitir sua insegurança, ainda de acordo com Shinyashiki:  “Quando uma pessoa está com medo, é fundamental que ela abra seu coração e fale desse medo até que ele se esvaia. Freud já provou que esconder sentimentos só aumenta a intensidade deles“. Encontre alguém de sua confiança, que lhe ajude a entender as causas de seu medo, discuta sobre sua insegurança e vai perceber que ela não se sustenta, dessa forma, é possível você aprender a controlá-la.

O treinamento parece a mais óbvia das recomendações para acabar com a insegurança, mas não é o que tenho visto acontecer na prática. O exercício mental, no qual você apenas se imagina falando, não é suficiente, simule sua apresentação pra valer, quantas vezes for possível para chegar mais confiante no grande dia. Joni Galvão e Eduardo Adas, fundadores da SOAP (State Of  the Art Presentation), enfatizam muito essa necessidade:

“É natural que as pessoas se intimidem diante da perspectiva de subir ao palco e sintam alguma insegurança em relação a eventuais interferências da audiência e de seu próprio estado emocional. Nessa hora, mais uma vez, aparece a importância do bom preparo; ele torna o apresentador mais confiante e tranquilo e aumenta as chances de a apresentação fluir quase que espontaneamente”.

A preparação não se resume apenas ao ensaio, aproveitar todas as chances de praticar suas técnicas de apresentação em público, com certeza, é o melhor caminho para se tornar um excelente orador. Quando tiver oportunidades, seja na escola, faculdade, trabalho ou até grupo de amigos e familiares, não recuse. Você vai colher os frutos no futuro.

Técnicas práticas

A Teoria das Emoções também fornece uma boa solução, afinal, temos outros sentimentos além do medo que podem ser explorados. Por exemplo, sempre acreditamos que sorrimos quando estamos felizes, mas foi provado que o contrário também é verdadeiro, ao sorrir, nos tornamos mais felizes. Então, a sua postura em uma apresentação tem um grande poder de superar sua insegurança, como mostra o vídeo:

Durante a apresentação, existem truques que considero muito válidos. Nicholas Boothman nos dá dois deles, que são bastante positivos:

“Encontre um rosto amigável. Eles sempre estão lá, são os “acenadores”. Deus os abençoe, acenando, concordando com você e sorrindo. Eles normalmente representam 5% do público. Encontre três ou quatro e recorra a eles para conforto“.

“Tenha um bote salva-vidas. Muitos palestrantes ocasionalmente têm brancos. Pode acontecer por diversas razões. Sempre tenha pra onde ir. Com perguntas relacionadas ao tópico, por exemplo, ou questionando se alguém tem perguntas”.

Outra dica que considero importante é direcionar seu foco. Como vimos no início do post, quando pensamos apenas em nosso desempenho, a tendência é perdermos o raciocínio, então, foque no conteúdo e na plateia.

Existem muitas outras práticas para ajudar nessa situação, como técnicas de respiração, exercícios físicos ou até segurar algo durante a apresentação. É importante descobrir a que melhor funciona para você.

É claro que na teoria é tudo muito mais fácil, eu tenho buscado aprimorar essa minha habilidade há muito tempo e ainda estou longe do ideal, mas não vou desanimar até chegar lá. O mais importante é não se julgar incapaz, todos podem fazer ótimas apresentações. Tenha a consciência de que a evolução vem com o tempo: ninguém nasceu pronto e ninguém inicia uma atividade sendo espetacular.

Referências: O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. Como Convencer Alguém em 90 Segundos, Nicholas Boothman, 2012. Super Apresentações, Joni Galvão e Eduardo Adas, 2011. Os Segredos das Apresentações Poderosas, Roberto Shinyashiki, 2012

 

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