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Insights essenciais sobre desenvolvimento pessoal e profissional, adquiridos por meio da experiência e relacionados com as teorias mais modernas.

As Pedras no Caminho… Parte 1

No post Equilíbrio, discutimos a importância de experimentarmos conquistas e adversidades no mesmo volume e intensidade, para que se forme uma mente mais equilibrada, serena e resiliente.

O que significa, na prática, que não devemos resumir nossas reflexões a conceitos que funcionam, apenas, quando tudo está correndo bem, mas buscar respostas para as situações adversas. Por isso, iremos equilibrar esse blog e falar sobre dificuldades neste e nos próximos 3 posts.

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Com ou sem emoção?

O novo estoicismo = Razão e Serenidade

Estoicismo é uma doutrina que teve início há cerca de 300 a.C. em Atenas, mas teve suas ideias mais difundidas no Império Romano, onde floresceu como principal base para ética pessoal e política, até ser suplantado pelo cristianismo no século VI.

Seu principal idealizador, um homem chamado Zenão de Cítio, foi o primeiro a argumentar que o homem deveria “viver conforme a natureza“. Segundo seus princípios, o que difere os animais das plantas é o impulso, portanto, a natureza do mundo animal é o instinto.

A diferença entre o homem e o animal seria a razão, ou seja, para viver conforme a natureza, o homem deveria seguir a sua racionalidade.

Segundo Ubaldo Nicola, a obra Tranquilidade da Alma, de Sêneca, outro influente pensador estoico, diz que o homem deveria colocar sob controle racional o seu componente emocional:

As emoções são doenças do espírito que perturbam o indivíduo e criam continuamente novas necessidades. A qualidade do sábio, portanto, é a indiferença, e a finalidade de sua existência é a apatia, que nasce da supressão de seus desejos“.

A linha de pensamento de Sêneca defende, também, que deveríamos aceitar certas condições da vida, porque, ao não fazê-lo, acabamos piorando a situação. Como, por exemplo, virar de um lado para o outro na cama quando não conseguimos dormir. Tal agitação serviria apenas para que o corpo e a mente ficassem ainda mais despertos.

Essa necessidade de movimento e mudança, segundo ele, é uma tentativa inútil de melhoria, dizia ainda que os homens se entediam de tudo que está ao seu alcance:

…e assim fazem uma viagem após outra, passam de um espetáculo a outro. Cada um foge sempre de si mesmo. Mas de que adianta, se não podemos nos evitar? Cada um persegue e sai ao encalço de si mesmo, como um companheiro que o oprime.

Lúcio Aneu Sêneca

Essa noção do homem racional foi tomando outros caminhos, conforme as novas descobertas da ciência sobre o cérebro e a psique humana.

Alguns sem qualquer cabimento, como na Inglaterra do século 18, quando, segundo os escritores Michael Mosley e John Lynch, surgiu uma nova ordem de requinte, associada a uma crescente repulsa pelo corpo humano, comparado ao dos animais em suas imperfeições:

“Na sociedade elegante os corpos eram cobertos por talcos, roupas e perucas, enquanto ‘a mente’, nosso dom refinado e plenamente humano, era cada vez mais valorizado.”

Outros avanços, no entanto, são realmente importantes para entendermos a racionalidade. Sigmund Freud foi um dos primeiros a reformular a noção do eu como principal condutor das decisões humanas.

Segundo sua teoria, seríamos controlados pelo inconsciente: “As emoções mais básicas determinam ações e pensamentos, como manipuladores ocultos que comandam uma marionete.”

Essas ações causadas por impulsos são facilmente percebidas e afetam diretamente nosso cotidiano. Você já se perguntou, por exemplo, por que as pessoas abusam de alimentos altamente calóricos, mesmo sabendo que fazem mal a saúde e causam a obesidade, uma das maiores pragas da atualidade?

Considere nossos mais antigos antepassados, que viveram em savanas e florestas, onde alimentos doces e calóricos eram extremamente raros e a comida em geral era escassa.

Segundo o historiador Yuval Noah Harari, se um homem da Idade da Pedra encontrasse uma árvore repleta de figos, a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que pudesse imediatamente, antes que um bando de babuínos ou outro concorrente comesse tudo.

Hoje, podemos morar em apartamentos com geladeiras abarrotadas, mas nosso DNA ainda pensa que estamos em uma savana“.

Essa teoria do “gene guloso” é apenas uma das evidências de que somos manipulados por instintos que foram moldados em ambientes totalmente diferentes do nosso.

As sociedades mudaram mais rápido do que nossas emoções foram capazes de se adaptar.

Pense na “necessidade” que você sente de “defender seu território”, quando um carro entra na sua frente no trânsito, ou na necessidade de pertencer ao grupo dos que bebem mais copos de cerveja no happy hour.

Reflita sobre como nosso impulso de economizar energia do corpo impede que tenhamos uma vida mais ativa, ou sobre o conceito de que uma vida sofrida é mais digna. Pense em como sua “intuição”, as vezes, lhe diz para abandonar um negócio, pois você corre o risco de enriquecer e ser considerado esnobe ou desonesto. 

Para piorar, ao compartilhar das mesmas emoções, os indivíduos tendem a criar pensamentos e preconceitos moldados pelo hábito, gerando comportamentos em manada, ou o que Robert Kyosaki chama de Corrida dos Ratos.

O filósofo espanhol José Ortega y Gasset alerta que devemos desafiar essas circunstâncias tanto no nível pessoal quanto no político. Afirma ainda que “a democracia carrega em si a ameaça da tirania pela maioriae que “viver como todo mundo é viver sem visão pessoal ou código moral“.

Esses comportamentos herdados de situações ultrapassadas que não foram questionados e não nos ajudam mais a sobreviver, pertencer ou proteger, podem ser evitados se adaptarmos alguns ensinamentos da doutrina estoica.

A reflexão, a revisão de paradigmas e o uso racional das emoções podem contribuir para uma sociedade mais harmoniosa. A serenidade perante qualquer situação, inclusive as mais adversas, favorecem a felicidade e as decisões racionais garantem um futuro mais promissor.

É importante entender que seguir a razão não significa se tornar escravo da racionalidade, ignorando instintos e emoções. O homem que aceita sua natureza e tem domínio de si aprende a administrar seus impulsos, aceitando sua influência, quando lhe convém.

Portanto, não seja marionete de suas emoções, nem finja que elas não existem, faça com que trabalhem a nosso favor.

Para encerrar o post, cito uma frase do mais célebre dos estoicos: o imperador Marco Aurélio. Seu livro, chamado por ele de “Para Mim Mesmo” e publicado como “Meditações“, trata-se de uma coletânea de insights anotados durante sua vida:

“Prepare-se para a ação com estes dois pensamentos: primeiro, faça apenas o que sua razão soberana e em conformidade com a lei lhe diz que é bom para os outros; e segundo, não hesite em mudar o curso se alguém é capaz de lhe mostrar em que você está errado ou lhe aponta um caminho melhor.

Mas convença-se apenas por um argumento baseado na justiça e no bem comum, nunca pelo que o atrai pelo gosto por prazer ou popularidade. Se a razão trabalhar por você, de que mais pode necessitar?

Marco Aurélio

Referências: Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari, 2012. Uma História da CIência, Michael Mosley e John Lynch, 2011. Antologia ilustrada de Filosofia, Ubaldo Nicola, 2005. O Guia do Imperador, Scot Hick e David Hicks, 2002. Meditations, Marco Aurélio, 121-180. O Livro da Filosofia, diversos autores, 2011.

Transforme-se em quem você é

Eu ideal X Eu verdadeiro

Há muito tempo, quando ainda tentava encontrar uma resposta para aquela insistente pergunta dos mais velhos: “O que você quer ser quando crescer?”, me deparei com uma outra inquietação: Eu não fazia ideia de quem eu queria ser quando crescer.

Afinal, o que eu queria ser, remetia apenas a uma profissão e existiam muitas opções disponíveis daquele ponto de vista, desde paleontólogo e astronauta a jogador de futebol e rockstar.

O que me fez refletir por muito tempo foi, portanto, o tipo de pessoa que eu seria, independente da minha profissão – na minha sabedoria infantil, sabia que isso era muito mais importante.

Sempre fui estimulado a ser bem sucedido pela família, amigos, professores e principalmente por filmes e seriados. Esse benchmarking midiático me fez criar um modelo mental do homem de sucesso: terno e gravata, pragmático, racional, sério, sempre com soluções eficazes, admirado e reverenciado pelo colegas.

Para ser esse profissional, eu precisaria estudar muito, afinal, deveria ter respostas para todas as perguntas. Ser sério não seria um problema, no geral, nunca fui muito extrovertido e isso me ajudaria. Mas, ainda assim, sempre tive meu lado brincalhão e sonhador, pensava em mudar o mundo e ajudar as pessoas, características que iam contra o meu modelo de sucesso.

Esse conflito sempre esteve presente, um pirralho querendo ser sério não era das coisas mais simples. Em certa fase da minha vida, pensei ter encontrado minha resposta. Cheguei à conclusão que eu não precisaria escolher entre ser sério ou brincalhão, eu poderia, simplesmente, ser os dois, ia depender da ocasião.

Isso me fez muito bem, pude cultivar amizades e conseguir bons avanços em meu início de carreira, mas ainda faltava algo. A alternância de um comportamento tido como ideal não tratava-se apenas de máscaras e, apesar de ser algo simples que nunca me tirou o sono, continuei com essa inquietação por um bom tempo.

Encontrei algumas respostas por acidente nos livros. Grandes pensadores já refletiram sobre esse tema. Sócrates, por exemplo, dizia que “A vida irrefletida não vale a pena ser vivida“.

Segundo o filósofo, para termos uma vida plena, precisamos saber a diferença entre o “bem” e o “mal”. Mas, como esses conceitos não são absolutos, só conseguimos diferenciá-los através de questionamento e raciocínio.

Ou seja, moralidade e conhecimento estão ligados e, portanto, a reflexão é indispensável à vida.

Então, o fato de ter tido minhas inquietações não foi algo necessariamente ruim, pelo contrário, me proporcionou autoconhecimento e condições de buscar uma vida cada vez melhor e continuar a minha busca por uma resposta.

E ela veio de outro filósofo, o autor da frase que empresta o título desse post. Nietzsche dizia que “o homem é algo a ser superado”, ele afirma que para vivermos a vida da melhor forma possível, teríamos que nos livrar de alguns valores que nos são ensinados.

Assim, algumas coisas que consideramos “boas” são, na verdade, grandes limitadores. Abaixo, segue um trecho do The Philosophy Book, da editora Dorling Kindersley:

“Podemos pensar que não é bom bancar o tolo em público e, assim, resistir ao impulso de dançar alegremente na rua. Podemos acreditar que desejos da carne são pecaminosos e, então, punirmo-nos quando eles se manifestam. Podemos ficar em empregos tediosos, não porque precisamos, mas porque julgamos nosso dever aturá-los.

Nietzsche quer pôr fim a tais filosofias que negam a vida, de modo que a humanidade possa se ver de maneira diferente”.

A “Tirania dos Deveres”, da psicanalista alemã Karen Horney, diz algo muito parecido. Afirma que muitas vezes não agimos com bases em nossas próprias crenças, mas sim, aquelas herdadas sob a forma de “deveres” sociais, como por exemplo “eu devo obter reconhecimento e poder” ou “eu devo ser magro“.

Trata-se de um conflito entre o “eu ideal” e o “eu verdadeiro”. O grande problema, segundo ela, é que acreditamos que podemos controlar a realidade externa quando obedecemos esses deveres, mas, na verdade, eles nos induzem à “infelicidade”.

A resposta que mais fez sentido para mim foi, portanto, que não deveria tentar repetir um modelo daquilo que julgava ideal. Devemos superar os “deveres” que nos são impostos e nos transformar em quem realmente somos. Dessa forma, teremos maiores condições de ficarmos satisfeitos no futuro, quando refletirmos sobre nossas escolhas.

Nossos primeiros pensamentos e reflexões, talvez não fossem simplesmente infantis, mas ideias livres dos limitadores que adquirimos na vida adulta e, como nos ensina o livro do Pequeno Príncipe, não devemos esquecer o que queríamos quando crianças.

Então, se a ideia é mudar o mundo para melhor, que seja!

 

Referências: O Livro da FIlosofia, diversos autores 2011. O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. O Pequeno Principe, Antoine de Saint-Exupéry, 1943. Assim Falou Zaratustra, Friedrich Nietzsche, 1883.

Autoeducação – Um exemplo freak

Um exemplo inusitado de superação

No post Autoeducação, discutimos a importância de criar estratégias de desenvolvimento pessoal para superar todo e qualquer obstáculo que apareça pelo caminho, hoje, falaremos sobre a aplicação prática desse conceito.

O livro Pense Como Um Freak, dos autores do aclamado Freakonomics, Steven D. Levit e Stephen J. Dubner, traz um ótimo exemplo sobre autoeducação que, para dizer o mínimo, foge do nosso senso comum.

O protagonista dessa história é Takeru Kobayashi e começa em seus primeiros anos de faculdade de economia em uma pequena província japonesa. Kobi (como era conhecido) e sua namorada Kumi estavam passando por dificuldades financeiras em 2000, não conseguiam pagar sequer a energia elétrica de sua residência.

Apesar de seu aspecto frágil, Kobi sempre foi muito conhecido por sua determinação e seu enorme apetite. Isso mesmo, ele era bastante faminto, um “comilão” como descrevia sua namorada. Por isso, Kumi viu uma grande oportunidade ao inscrevê-lo em uma competição, para ver quem comia mais em um programa de televisão. Apesar da relutância inicial, a necessidade financeira falou mais alto e ele acabou aceitando o desafio.

Kobi sabia de sua limitações, era magro, com cerca de 1,70m de altura, parecia um adversário fácil de ser batido, ao analisar seus concorrentes. O que lhe restava era a estratégia. Estudou os competidores de programas anteriores e percebeu que a maioria dos concorrentes se esforçava tanto nas primeiras etapas, que acabava diminuindo o ritmo na etapas finais. Sua estratégia, então, foi inverter o ritmo, começando com esforço suficiente para passar para próximas etapas, com máximo desempenho na grande final. Deu certo! Kobi venceu o concurso e levou para casa 5 mil dólares, que, além de ajudar com a conta de luz, despertou a curiosidade por mais concursos como esse.

Pouco tempo depois, já estava em Nova York para disputar um campeonato em Coney Island, que é acompanhado por mais de 1 milhão de pessoas pela ESPN (pois é!). O desafio dessa vez era comer quantos hot dogs fossem possíveis em 12 minutos. O recorde eram inacreditáveis 25 cachorros-quentes…

Kobi comeu 50!

E não parou por aí, foi a primeira pessoa a vencer 6 edições seguidas do concurso e acabou se transformando em uma estrela internacional, com muitos contratos de publicidade que fizeram sua vida financeira ficar muito confortável.

A grande questão aqui é tentar entender como Kobi conseguiu tamanho destaque. Seus rivais chegaram a acusá-lo de diversas fraudes, desde implante de um segundo esôfago ou estômago até o uso de um relaxante muscular que evitasse o refluxo, mas nada disso parece, sequer, plausível.

Levit e Dubner foram atrás dessa resposta e o próprio Kobayashi lhes contou sua versão:

  • Primeiro, teve um longo período de treinamento antes do primeiro concurso, foram longos meses de isolamento, experimentação e feedback.
  • Percebeu que a forma como seus concorrentes comiam seus hot dogs era apenas uma versão exagerada de uma refeição comum, então ele criou um novo método, que envolvia segregação do cachorro-quente, comia por partes, de maneira bem coordenada e ágil, o que facilitava a mastigação e lhe dava mais tempo.
  • Questionou também o fato de outros participantes beberem muita água durante a competição. Kobi, após testar diversos métodos, percebeu que molhar o pão antes de levá-lo à boca, lhe dava menos sede.
  • Testou qual era a melhor temperatura da água e concluiu que a água morna relaxava os músculos da mastigação.
  • Filmou seus treinamentos para encontrar oportunidades de ganhar alguns segundos com o aprimoramento de seus movimentos.
  • Percebeu que era de suma importância dormir muito e levantar pesos – músculos fortes ajudavam a comer e a evitar o refluxo.
  • Descobriu ainda, que a comida se acomodaria melhor em seu estômago se pulasse e se sacudisse durante o processo – o movimento acabou sendo conhecido como Balanço Kobayashi.

Fica claro que sua preparação diligente foi o grande diferencial. Percebe-se, também, que foram utilizados conceitos importantes de inovação, que podem nos ajudar com nossos próprios projetos, como a observação de usuários, experimentação, aprimoramento de ideias e validação de hipóteses.

E apesar de ser uma história bastante distante de nossa realidade, a autoeducação de Kobi deve servir de exemplo para qualquer aspecto de nossas vidas. Conhecer nossas limitações e motivações, definir estratégias e ter uma dedicação superior, nos dá condições de vencer qualquer competição, seja a do mercado de trabalho, do esporte, das artes ou a do maior comilão mesmo.

Referências: Pense Como Um Freak, Steven D. Levit e Stephen J. Dubner, 2014.

Reflexões sobre carreira

Alguns insights sobre carreira

Desde os primeiros dias em que havia decidido escrever o blog, comecei a prestar muita atenção em tudo o que diz respeito ao sucesso e, como já comentado em outro post, existem muitas maneiras de obtê-lo. Uma delas é a construção de carreira, um dos caminhos mais abordados por aqui. Nesse tempo, conheci novos insights sobre o tema, seja lendo, experimentando ou apenas observando. Esse post é um compilado dessas reflexões que considero mais importantes:

Propósito – Evoluir na carreira por si só não lhe trará muita satisfação, no final, sobrará a sensação de que você deveria ter aproveitado mais a vida, por isso, suas escolhas devem ter um propósito, uma razão de existirem. Dizem que a vida é curta demais para não ser vivida, mas uma vida com propósito é suficiente.

Objetivos – Percebo que muitas pessoas não sabem aonde querem chegar. A falta de objetivos bem definidos pode ser muito prejudicial, mas é muito mais comum do que se imagina. O problema é que a angústia causada pela liberdade de escolha nos paralisa. A solução é traçar pequenas metas ao longo do caminho, afinal, saber para onde ir é o que te faz levantar e caminhar.

Responsabilidade – Pode parecer clichê, mas, além de você, não existe mais ninguém responsável por sua carreira. A administração dela é exclusivamente sua, não fuja dessa responsabilidade.

Adaptação – Não tem jeito, as coisas vão mudar. A você, cabe se adaptar, aliás, a resiliência é uma das qualidades mais atraentes hoje em dia. Quando estiver sentindo aquele frio na barriga por causa de mudanças que estão por vir, entenda que é uma nova oportunidade para você aprender a lidar com elas, não lute contra a maré, surfe nas ondas.

Competência – Achar que você possui qualidades formidáveis não significa nada, os resultados precisam aparecer, principalmente em momentos de crise, quando ser bom no que faz sequer garante seu emprego. Busque sempre as melhores entregas e supere as expectativas,  essa é a sua melhor oportunidade.

Aproveite o momento – No ensino fundamental, somos incentivados a estudar para chegarmos ao ensino médio mais preparados. Quando chegamos lá, o foco passa a ser a preparação para a faculdade, depois para o estágio, depois o emprego, depois a promoção… A gestão de carreira é muito importante, mas precisamos experimentá-la em todas as suas etapas, aprender com cada passo, planejar o futuro e viver o presente.

Resultados – Existe uma grande tendência a buscar estratégias ou formas de atuação que enalteçam o indivíduo, esse foco em autopromoção deixa as pessoas lentas. Procure as soluções mais práticas e eficientes, não as que você acha que lhe trarão maior visibilidade.

Ego  – Grandes expectativas de sucesso acompanham de perto as novas gerações, a estabilidade econômica fez com que o potencial dos jovens fosse exacerbado e seus egos inflados. Para eles, as promoções aconteceriam com frequência, seriam diretores nos primeiros anos, ou melhor, construiriam sua própria empresa muito cedo. Claro que isso não acontece com a maioria das pessoas e acaba sendo a causa de muito sofrimento. Sidarta Gautama dizia que o sofrimento é algo inerente ao ser humano e sofremos por nossos desejos frustrados, afinal, nos consideramos merecedores daquilo que desejamos. O desapego faz com que você supere esses anseios e, portanto, “feliz é aquele que superou seu ego“. Busque o melhor, mas esteja preparado para o pior.

Ética – Muitas pessoas ainda acham que atalhos ilícitos são caminhos viáveis para o sucesso. O tão cobrado foco em resultados das empresas colabora com essa mentalidade, afinal, para focar uma coisa, é preciso “desfocar” muitas outras, como as regras, por exemplo. O resultado não pode ser construído a qualquer custo, um dia a conta vai chegar. Então, independente das pressões que esteja sofrendo, só faça aquilo que você se sinta confortável em contar para os outros depois.

Humildade – Quanto mais sobe na carreira, mais você sente a necessidade de ser infalível, o que cria um comportamento arrogante e impede a absorção de novos conhecimentos. Entenda que você é um aprendiz, seja lá a posição que estiver, e ainda há muito o que aprender, incorpore isso em todos os aspectos de sua vida.

ComunidadeCrie um exército a seu favor, colabore com o sucesso das pessoas, oriente quando puder, seja prestativo, gentil e educado. É esse o tipo de profissional que todos respeitam e gostam de fazer negócios. Você precisa se conectar, vivemos na economia da reputação, cuide bem da sua.

Trabalho – Talvez esse seja um dos principais insights. Se você quer sucesso, tem que gostar de trabalhar, ponto final. Ninguém obtém êxito (ou pelo menos não se mantém no topo), se não trabalhar muito. Chega de mimimi e mãos à obra.

Equilíbrio

O lado bom do lado ruim… e vice versa

A busca por uma vida balanceada faz parte dos objetivos de muitas pessoas. Uma “mente equilibrada” teria poderes de livrar os indivíduos de frustrações e angústias cotidianas, proporcionando maior serenidade e, portanto, uma vida mais plena e feliz.

Existe, porém, uma incoerência nessas afirmações. A ausência de problemas tiraria o peso de um dos lados da balança, desestabilizando qualquer conceito de equilíbrio, que, segundo a física newtoniana, alcança-se pela contraposição de uma força à outra, oposta e de igual intensidade. Ouso dizer, então, que as adversidades da vida são tão importantes quanto as conquistas, na mesma medida e intensidade.

Esse conceito não é novo, Aristóteles fazia tais reflexões há mais de 300 anos a.C. Seu argumento era que a vida virtuosa, ou simplesmente, aquela que deve ser vivida, atinge seu ápice através do equilíbrio. Segundo ele, tanto a excesso quanto o escassez de exercícios físicos, por exemplo, torna o homem mais fraco, assim, apenas o ponto central valeria a pena. O mesmo acontece com a coragem, que é o ponto de equilíbrio entre aquele que é tímido e o temerário ou com a moderação, que está entre o intemperante e o insensível:

A virtude é, portanto, uma ordenação de intenções, que consiste na medição em relação a nós mesmos, definida pela razão e estabelecida como faria o homem sábio. É uma medição entre dois vícios; um por excesso, e outro por escassez. E como alguns vícios são por escassez e outros são por excesso do que é devido, seja nas paixões, seja nas ações, a virtude encontra e escolhe o justo meio”.

Aristóteles

O tema também é objeto de estudo de grandes psicólogos, Sigmund Freud e Melanie Klein consideram que nossa mentes vivem constantemente em um conflito de forças opostas, uma luta entre o que consideramos o bem e o mal. Em uma mente equilibrada, verificaríamos uma alternância de vencedores, então, poderíamos ter, por exemplo, comportamentos mais agressivos em alguns momentos e mais passivos em outros. Mas, uma atitude nunca se sobreporia à outra.

Freud dizia que as mais poderosas das forças, ou pulsões como gostava de chamar, são as da vida e da morte. Elas representariam as extremidades de um grande campo de batalha, onde todos os demais sentimentos são forçados a competir continuamente com forças igualmente poderosas. Do resultado desses combates, derivam nossos sentimentos e atitudes. E é dentro desse campo que, segundo Klein, deveríamos aprender a tolerar e administrar esses conflitos se quisermos viver bem.

Essa noção de que precisamos tanto de coisas boas quanto de coisas ruins – e na mesma proporção – para termos uma vida balanceada, faz com que estejamos mais preparados para as adversidades, afinal, elas seriam essenciais à uma vida plena. Aprender a tolerar e conviver com esses sentimentos negativos causados por problemas externos, torna o indivíduo mais forte e é nisso que devemos nos apegar quando estamos por baixo.

A busca por uma vida ausente de derrotas, aflições ou frustrações torna-se, portanto, uma visão utópica, mas, da mesma forma, uma vida cercada de problemas pode ser apenas um desequilíbrio de forças que te faça agir ou sentir de forma negativa, o que nos dá mais esperança de virar o jogo.

A necessidade de equilíbrio também é evidente na vida em comunidade. Uma das maiores referências acadêmicas em administração, Antonio Maximiano, cita a Teoria da Equidade, em seu livro Teoria Geral da Adminitração. Seu ponto central é a crença de que as recompensas devem ser proporcionais ao esforço e iguais para todos. Sua premissa é que as pessoas sempre fazem comparações entre seus esforços e recompensas com os dos outros. A desarmonia, entre a expectativa e realidade causada pela comparação com a recompensa alheia, pode gerar dissonância cognitiva e, consequentemente, grandes prejuízos no desempenho e moral do indivíduo.

O que essas reflexões nos ensinam é que os sentimentos, bons ou ruins, estão dentro de nossas mentes, competindo por maior atenção. Sua postura em relação a eles, seus filtros, as comparações e a capacidade de absorver feedbacks externos têm grande poder de favorecer os vencedores dessa disputa. Basta você conhece-los e escolher um lado.

Referências: Teoria Geral da Administração, Antonio Cesar Amaru Maximiano, 2012. O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012. Antologia Ilustrada da Filosofia, Ubaldo Nicola, 2010.

A sabedoria oculta do tempo

As grandes lições da nossa própria história

Todos nós já vivemos momentos de angústias e alegrias, assim, fomos aprendendo e construindo, pouco a pouco, nossos destinos. Essa maneira de adquirir experiência vale para qualquer aspecto de nossas vidas, mas a grande questão é saber se estamos conseguindo absorver toda a sabedoria que tais situações nos proporcionam.

Aprender com bons momentos é mais fácil, difícil mesmo é manter o otimismo em situações negativas, por isso, temos uma ferramenta muito importante a nosso favor: a memória. Analisar situações passadas, com um novo ponto de vista, pode resultar em lições importantíssimas para o nosso desenvolvimento.

Quando adolescente, acreditava piamente que as dificuldades a serem enfrentadas, naquele momento, me preparava para enfrentar obstáculos. Com o passar dos anos, essa atitude foi se esvaindo, talvez tenha sido algum choque de realidade na minha juventude otimista, mas ao perceber essa situação, tentei educar minha mente a buscar aprendizados em situações cotidianas. Abaixo, listo dois exemplos pessoais:

Quando era criança, meu pai trabalhou em um hotel fazenda chamado Vale do Sol, um lugar muito frequentado em Serra Negra, principalmente nos períodos de férias e, um dia, acabou se tornando nossa residência. Hoje, quando busco boas referências para uma motivação extra, seja para uma entrevista, apresentação ou em momentos de pessimismo, me lembro daqueles dias, do privilégio de passar anos de minha infância cercado por natureza, crianças vindas de todos os lugares, muita liberdade e atividades lúdicas a todo momento. Consigo tirar proveito das lembranças daquela época para não me intimidar perante concorrentes mais gabaritados ou situações controversas.

Meu primeiro emprego foi como caixa de farmácia, na época, encarei como uma atividade momentânea para pagar a faculdade, mas, algum tempo depois, percebi que havia aprendido muito mais do que imaginava. A maioria dos clientes eram senhores com idade já avançada, gastando o pouco dinheiro que recebiam com remédios caríssimos e esse, definitivamente, não é um cenário ideal para o bom humor. Mas não foram apenas aqueles que conseguiam manter a positividade que me proporcionaram lições importantes, aprendi a ter empatia por aqueles que estavam infelizes com essa situação. Aprender a me colocar no lugar dos outros, me fez uma pessoa muito mais compreensiva e paciente, o que é excelente para manter minha serenidade nos dias de hoje.

É claro que existem situações extremas e muito mais dramáticas, sejam elas boas ou ruins, que talvez tenham um desfecho diferente na formação de indivíduos. Mas ainda vale a pena buscar oportunidades, “você não pode ligar os pontos olhando para frente, para ligar os pontos é preciso olhar para trás“, é o que diz Steve Jobs em seu famoso discurso em Stanford:

Observem que a lição que somos capazes de tirar de um acontecimento passado é determinado pelo modo como você o interpreta, são as “configurações” desse filtro que transformam suas experiências em memórias positivas ou negativas. Quanto aos meus exemplos, eu poderia ter encarado a época que morei em um hotel fazenda como um atraso para o meu desenvolvimento, o que faria me sentir menos preparado do que os outros ou ter me estressado com os lamentos daqueles senhores mal humorados da farmácia, adquirido uma aversão para lidar com o público. Adotar padrões positivos ao consultar sua memória pode lhe garantir grandes oportunidades.

O pensador espanhol George Santayana abordou esse tema, ele acreditava que aqueles que não aprendiam com o passado estavam condenados a repetir os mesmos erros, dizia ainda que “o progresso real é menos uma questão de revolução do que de adaptação, de usar o que aprendemos com o passado para construir o futuro

Além de garantir o aprendizado, você pode resolver questões importantes de sua personalidade ao analisar sua história, afinal, pode descobrir a origem de alguns comportamentos que atrapalham ou facilitam a sua vida. Esse auto-conhecimento é um fator extremamente competitivo na formação de características como liderança, trato social e, principalmente, caráter.

Portanto, use seu passado como conteúdo para reflexão. Pensar no futuro é muito importante, mas as maiores lições de sua vida podem estar guardadas em sua memória. Aproveite com sabedoria.

 

Referências: O Livro da Filosofia, diversos autores, 2010.

O que você quer ser quando crescer?

A busca pela atividade dos sonhos

Você pode achar que essa pergunta cabe apenas para crianças e adolescentes, mas não é bem assim. As possibilidades laborais de hoje são imensas, podemos nos tornar, por exemplo, artistas, atletas, concurseiros, autônomos, políticos, professores, empreendedores, investidores e até youtubers, além disso, em cada uma dessas atividades, existe ainda um leque imensurável de alternativas.

Ao longo de toda nossa vida, essas opções ficam disponíveis, gerando dúvidas sobre qual o melhor caminho a seguir. Isso acontece para quem está buscando seu primeiro emprego, está considerando ter alguma atividade após a aposentadoria ou, simplesmente, alguém que queira mudar de profissão. Como vimos em um post anterior, essa liberdade de escolha nos causa angústia e muitas perguntas. O conselho padrão para resolver essa dúvida é “Trabalhe com aquilo que ama!”. Com certeza, todos nós já nos deparamos com essa frase em algum momento, mas será que é apenas isso?

Uma maneira muito utilizada nas consultorias de corredor, para descobrir o que você realmente amaria fazer, é refletir sobre com o que trabalharia se não existisse dinheiro. A resposta viria sem o viés da necessidade e, portanto, lhe daria maior autonomia para descobrir algo que faria exclusivamente por prazer.

Infelizmente, não é tão simples assim, afinal, se todos trabalhássemos com o que amamos, arriscaria em dizer que a maioria das profissões envolveria experiências ligadas ao lazer e aos interesses pessoais, poderiam existir muitos Especialistas em Degustação de gastronomia e jogos, Viajantes Profissionais bastante gabaritados e, ainda, Analistas Esportivos free lancers, prontos para dar seu pitaco em qualquer partida.

Todas seriam profissões muito prazerosas, mas nossa sociedade não seria muito bem sucedida dessa forma, ainda seriam necessários muitos profissionais para completarem outras funções essenciais à nossa sobrevivência. Portanto, a utilidade social também deve ser levada em conta nessa decisão.

Dessa forma, conseguimos limitar melhor as opções e irmos para uma próxima inquietação, que fala dos nossos limites. Todos nós temos características que podem trazer vantagens em algumas profissões e desvantagens em outras, conforme comentado no post Autoeducação. Escolher fazer aquilo que dá mais prazer, sem considerar habilidades e limitações, pode representar um grande prejuízo tanto para o indivíduo quanto para o mercado, o Custo de Oportunidade seria alto demais para sustentar tal decisão. Para sermos bons no que fazemos, precisamos conciliar nossos desejos, utilidades e também habilidades. Em 1935, o economista Lionel Robbins afirmou que a “maior tragédia da vida humana é ter de desistir de uma coisa para escolher outra“, mas é exatamente o que temos que fazer.

A próxima inquietação tem a ver com os resultados da sua escolha. Todas as vezes que tive essa conversa com alguém, percebi que a profissão ou atividade dos sonhos era baseada em alguém já bem sucedido. Inspirar-se num empreendedor renomado, por exemplo, e dizer que amaria fazer aquilo é muito perigoso, geralmente pensamos nos resultados que nossas escolhas podem nos trazer, mas acabamos nos esquecendo de considerar todas as etapas necessárias para chegar lá. Lembre-se, o sucesso não é um sonho, é uma luta.

Outro dilema que tenho escutado sobre esse assunto é a  busca de maior satisfação profissional. Nesse caso, o entendimento de qual é a real motivação para esse desejo, se torna crucial para uma decisão acertada. Algumas vezes, o problema pode estar dentro de nós, de forma que nossa percepção não consiga encontrar justificativas para valorizar o que já se tem. Uma mudança de atividade, nesse caso, iria apenas prolongar sua agonia. O filósofo Clóvis de Barros Filho apresenta a definição de Platão para esse amor que tanto buscamos: “Você ama o que deseja e deseja o que não tem“. Essa citação explica a nossa crença em que a felicidade está em outro lugar, confira no vídeo abaixo:

Essa ansiedade em encontrar algo que se ame plenamente pode causar frustrações desnecessárias, por isso que um dos maiores problemas para a escolha de sua profissão é idealizar algo surreal. Toda atividade humana tem seus prós e contras, não adianta acreditar que existe um trabalho perfeito, em que todas as suas atribuições sejam prazerosas, que haja reconhecimento e motivação contínuos e ainda não seja necessária muita dedicação para se obter sucesso. Pensar dessa forma, nos faz desviar os olhos de muitas oportunidades, algo que, parafraseando Nietzsche, nos faz acreditar que nossa realidade atual é “um mundo no qual devemos nos afastar, e certamente não desfrutar mas, ao fazer isso, afastamo-nos da vida em favor de um mito ou invenção: um mundo real imaginário“.

Tenha em mente também, que suas escolhas terão outros reflexos bastante amplos. As castas das quais você vai pertencer, valores e até inclinações políticas são influenciadas por suas atividades laborais:

…nossos interesses e valores estão entrelaçados por aquilo que fazemos no trabalho – ou seja, nossa ocupação. Assim, por exemplo, as pesquisas sociológicas mostram que somos mais propensos a ter uma visão igualitária da economia se trabalharmos para o setor público do que se estamos no setor privado; e temos maior inclinação a ser culturalmente liberais se tivermos uma ocupação que nos conceda certa autonomia do que num emprego submetido a um controle rígido. Isso acontece, em parte, porque tendemos a encontrar um trabalho que combina com nossos valores e nossa educação; e, em parte, porque nossa experiência de trabalho molda nossos valores. É difícil ser defensor do livre mercado trabalhando como assistente social, assim como ser socialista em um banco de investimentos”.

David Priestland

Esse post é uma provocação, um convite à reflexão mais profunda para suas escolhas, essa decisão é muito importante para sua vida, sou também totalmente a favor da mudança, desde que seja legítima e feita com inteligência, decisões tomadas por impulso podem gerar frustrações muito grandes. Outro ponto que acredito muito é que todas aquelas opções, descritas no primeiro parágrafo deste post, não são excludentes, você pode ser um pouco de cada. Não se limite em troca de definições.

E, por fim, não espere fazer o que ama para amar o que faz.

 

Referências: Uma Nova História do Poder, David Priestland, 2014. O Livro da Filosofia, diversos autores, 2010. Podcast Man In The Arena, episódio 51, Bob Wollhein. O Livro da Economia, diversos autores, 2013.

Autoeducação

Quando a dedicação supera qualquer obstáculo

No post Desapego Criativo, foi discutida a necessidade de preparar o terreno para semearmos novos conhecimentos, ou seja, livrar a mente de pré-conceitos acerca de qualquer assunto. Em outra ocasião, falamos sobre Desempenho Profissional e a importância de equilibrar os seus objetivos com os aspectos mais importantes da vida, afinal, o seu legado para o mundo é importante demais para ficar em segundo plano.

Com a mente livre e objetivos bem definidos, passamos para uma outra etapa de desenvolvimento.

Essa nova fase consiste em desenvolver conhecimentos que irão lhe auxiliar no dia a dia e, para isso, nada melhor do que a autoeducação. Certa vez, ouvi que profissionais se diferenciam pelo que fazem na hora livre, não no horário de trabalho. O escritor Samuel Smiles propôs essa prática em 1859, quando escreveu o livro Self-Help, que, além de best-seller, foi o precursor de um novo gênero que até hoje enche as prateleiras das livrarias.

A cultura mais elevada não se obtém dos professores quando se está na escola ou faculdade, e sim da nossa constante e diligente autoeducação quando nos tornamos homens”

Samuel Smiles

A educação formal deixa de ser um diferencial quando elevamos nossos objetivos, porque oferece um conhecimento padronizado, que nos estimula a seguir a manada. Felizmente, existem muitas maneiras de superar esse obstáculo, abaixo listo alguns dos pontos que julgo mais importantes:

Dedicação

Malcolm Gladwell, em seu livro Fora de Série, evidenciou a importância da preparação, seja qual for seu objetivo de vida: “…quando uma pessoa tem capacidade suficiente para ingressar em uma escola de alto nível, o que a distingue dos demais estudantes é seu grau de esforço. É exatamente isso”. Gladwell ilustra essa tendência com exemplos de casos reais e muitas pesquisas. Ele chega inclusive a propor, junto com o neurocientista Daniel Levitin, o número de horas de preparação necessárias para se atingir o grau de destreza pertinente a um expert de nível internacional – em qualquer área: 10 mil horas.

Bom, se nosso cérebro realmente contabiliza essas horas, eu não sei, mas a importância do treinamento, preparação e estudo é evidente em qualquer situação. Na China antiga, havia um termo coloquial para isso: Kung Fu (功夫 Gongfu). O termo não refere-se, originalmente, a uma luta, significa atingir o domínio supremo de alguma atividade por meio da prática e estudo.

Conhecer os obstáculos

Um fator sempre presente nesse assunto são as características hereditárias. Sobre isso, o pensador, médico e matemático Francis Galton (1869) tem uma boa e uma má notícia. A boa é que “podemos aprimorar nossas aptidões por meio de treinamento e aprendizado”. A ruim é que nossa hereditariedade “define os limites até os quais podemos desenvolver nossos talentos”. Mas não tire suas conclusões ainda, o debate “natureza-criação” é amplamente discutido até hoje e ainda não existe uma definição. Alguns contradizem Galton e entendem que todo bebê é uma “folha em branco”, todos nascem iguais. A maioria dos psicólogos, no entanto, reconhece que tanto natureza quanto criação são cruciais para o desenvolvimento humano e interagem de forma complexa. Além da genética, outros fatores influenciam o desenvolvimento, como o ambiente em que está inserido, as pessoas que convive e muitos outros obstáculos que devem ser conhecidos e administrados.

Definir estratégias

Como já disse em outros posts, gosto muito de estudar sobre diversos temas, o que não é tão fácil de administrar. Acabo perdendo o interesse em algumas coisas que estou estudando, pois surgem outros assuntos para disputar minha atenção, como falamos no post Dieta da Informação. A solução que encontrei foi fazer uma escala, alternando diariamente os temas, indo de economia nas segundas à física aos domingos. Ouço podcasts quando estou dirigindo ou fazendo exercícios, faço todos os cursos aderentes aos meus objetivos que conseguir e procuro sempre me manter atualizado. Parece coisa de maluco, mas funciona bem comigo. Entenda o que funciona melhor pra você e defina sua estratégia.

Descobrir o que lhe motiva

Essa fome pelo saber pode não ter como objetivo a “obtenção de conhecimento, mas estar a par das novidades”. É o que propõe o psicólogo Serge Moscovivi, alegando que a busca por conhecimento trata-se de uma motivação muito mais social do que pessoal. É importante descobrir o que lhe motiva, entender se a teoria de Moscovivi condiz com sua realidade ou não. Use essa inquietação como motor para seu desenvolvimento.

Vimos que não é uma etapa tão fácil, cada um tem suas particularidades, mas, com certeza, vai valer a pena. Assuma as rédias da sua educação, não espere pelos outros.

Referências: Fora de Série, Malcolm Gladwell, 2008. Uma Nova História do Poder, David Priestland, 2014. O Livro da Psicologia, Diversos autores, 2012.

Desempenho Profissional

A busca por excelência e a barreira do coitadismo

São cada vez mais abundantes os conteúdos que defendem a tese de que estamos nos tornando reféns do nosso trabalho. A discussão envolve o fato de abrirmos mão de nossas vidas em prol de uma busca incessante por realização profissional, o que nos tornaria seres humanos infelizes e angustiados. Exploram também o fato de algumas pessoas se dedicarem tanto aos seus ideais, que acabam perdendo o que é realmente importante ao longo de sua existência. Devo dizer que concordo com o equilíbrio, mas, para que ele exista, nossos objetivos não devem ficar em segundo plano.

Uma questão muito importante sobre esse tema são os exemplos que o ilustram. Aqueles que defendem uma vida menos dedicada e mais tranquila, geralmente, apontam como álibis pessoas que passaram por muito estresse em suas longas jornadas laborais e, no final, perceberam que nada tinham, que todo esforço foi em vão.

Entendo que esse não é um desfecho feliz, mas será que esse é o único destino para aquele que escolhe se dedicar por sua causa?

O que dizer, por exemplo, dos atletas? Eles passam anos de suas vidas treinando dia e noite, abrindo mão de sua vida social e de alguns dos prazeres e caprichos considerados “essenciais” para uma vida plena e feliz. Muitos ultrapassam os limites do próprio corpo, colocando em risco sua saúde, e tudo isso em troca do quê? Uma medalha? Um recorde? Não, trata-se da sua causa, um propósito de vida de valor inquestionável.

E os artistas? São anos de estudo e prática. Alguns abrem mão da própria infância para chegarem ao patamar que buscam, ficam meses longe de suas famílias, aprimorando suas técnicas para conseguirem refletir, através da arte, tudo aquilo que aprenderam e sentiram ao longo do caminho.

Uma dedicação incansável parece ser um ponto em comum entre atletas e artistas, assim como, entre inventores, pesquisadores, cientistas e escritores. Por que não agir como eles ao buscar nossos objetivos?

Temos muitos exemplos no mundo dos negócios que fizeram exatamente isso e são considerados homens de sucesso. Não encontramos questionamentos, por exemplo, das escolhas de Bill Gates, que trocou seus anos dourados por algo que acreditava e se dedicou diligentemente para que suas ideias se tornassem realidade. Tampouco, vejo questionamentos sobre as escolhas de Silvio Santos, que desde muito cedo se dedicou quase que exclusivamente aos seus objetivos, ou dúvidas sobre as decisões de Flávio Augusto da Silva, Mark Zuckerberg, Steve Jobs, entre tantos outros aficionados por seus ideais.

Me parece que o discurso que defende a inércia, muitas vezes, é puro mimimi. Afinal, ele não parece servir para aqueles que obtiveram êxito, mas justificam apenas o fracasso, a desistência ou a insegurança. Note, por favor, que não estamos falando de dinheiro, afinal, nesse caso, cifras seriam apenas uma medida de suas conquistas, como a medalha é para um atleta. O sucesso trata-se de equilíbrio, sua família e saúde estão ao lado de sua causa. A dedicação pelo seu emprego, concurso, empresa, ideia, arte, esporte ou seja lá qual for sua escolha é o que define quem você realmente é. Não menospreze o seu propósito.

Um renomado psicanalista alemão, Erik Erikson, dizia que a personalidade “se desenvolve a partir de um plano básico”, segundo ele, existem oito estágios de desenvolvimento humano, observe que os dois últimos falam sobre legado:

  • 0 a 1 ano – Confiança X Desconfiança: Determinada pelo atendimento das necessidades da criança.
  • 18 aos 24 meses – Autonomia X Vergonha e Dúvida: Provocados por pequenos fracassos ou repreensões paternas.
  • 3 aos 6 anos – Iniciativa X Culpa: Crianças descobrem que suas ações podem afetar outras pessoas.
  • 6 aos 12 anos – Diligência X Inferioridade: Foco em educação e habilidades sociais.
  • Adolescência – Identidade X Confusão: Noção mais coerente do que somos, dificuldades podem gerar crises de identidade.
  • 18 aos 30 anos – Intimidade X Isolamento: Construímos vínculos fortes.
  • 35 aos 60 anos – Produtividade X Estagnação: Empenho em prol das gerações futuras ou por contribuições à sociedade por meio de atividades sociais.
  • A partir dos 60 anos – Integridade X Desespero: Sensação de “completude” e “inteireza pessoal” que é diretamente proporcional ao grau de sucesso que se obteve ao lidar com estágios anteriores.

Conheço muitas pessoas que não tem grandes ambições e preferem uma existência pacata e, vejam só, lutam para conseguir viver dessa forma. A grande questão desse post é lhe convidar a refletir sobre aquilo que acredita ser o seu papel no mundo, o seu legado. Mesmo sabendo que a derrota é uma possibilidade, você está lutando pelo que acredita ou está apenas vendo a vida passar, paralisado pelo medo de desperdiçá-la?

Referências: O Livro da Psicologia, diversos autores, 2012

Resiliência – Be water, my friend

A importância da resiliência e adaptação em um mundo que não para de mudar.

Todos nós já ouvimos falar que o aumento da velocidade das inovações tem gerado mudanças cada vez mais rápidas em nosso dia a dia. Além desse cenário inovador, outros fatores colaboram para que as organizações mudem seus processos rapidamente, como crises, sustentabilidade, ambição, entre tantos outros.

Eu já passei por algumas mudanças bem drásticas, como reestruturações ou fusões e outras mais comuns, como troca de empresa, de liderança, de setor ou de cidade. Em todas essas situações, é inevitável que as pessoas aumentem seu nível de atenção, busquem maior produtividade e cuidem ainda mais da divulgação de seu trabalho, ou seja, é a sua melhor versão.

Esse insight me fez perceber as vantagens de viver no caos. Setores altamente sensíveis a variações econômicas, tecnológicas, governamentais ou ambientais tendem a formar profissionais com alta resiliência, que se adaptam com mais facilidade às alterações do mercado e do cotidiano.

Esse ambiente, que pode ser considerado estressante por alguns, ajuda a formar ferramentas importantes para as pessoas lidarem com o que ainda está por vir. Assim, qualquer possível estresse acaba por se tornar irrelevante, à medida que nos adaptamos à rotina de não ter rotina.

Bruce Lee, o mestre das artes marciais, fez um famoso discurso sobre a adaptação, falou da importância de não nos limitarmos com formatos ou conhecimentos prévios. Vale a pena conferir o texto e o vídeo abaixo (youtube):

“Empty your mind, be formless. Shapeless, like water. If you put water into a cup, it becomes the cup. You put water into a bottle and it becomes the bottle. You put it in a teapot, it becomes the teapot. Now, water can flow or it can crash. Be water, my friend.”

A importância da adaptação não pode ser menosprezada, ela se estende a todo ser vivo. Charles Darwin, que criou a Teoria da Evolução, dizia que: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente. E sim, aquele que melhor se adapta às mudanças”. As espécies que melhor se adaptam são as que vencem a corrida evolucionista.

Até a vida considerada mais pacata é cercada de mudanças, não temos pra onde correr. Quando você olha para sua mão, por exemplo, pode até pensar que está olhando para um emaranhado de células que cresceu ao longo de todos esses anos, mas, o que você realmente vê é um tecido totalmente novo que foi inteiramente substituído por novas células desde que você nasceu (e isso, possivelmente, aconteceu mais de uma vez).

Vamos pensar em uma escala um pouco maior agora, no exato ponto em que estamos no Universo, já parou pra pensar que, como nosso planeta está em constante movimento, dormimos em um lugar e acordamos em outro?

Se mesmo assim você ainda não se dá muito bem com mudanças e prefere buscar o conforto irreal da inércia, veja a reflexão feita por um homem chamado Heráclito, há incríveis 540 a.C.: “Nada existe de estável e definitivo na natureza, tudo muda continuamente – daí, podemos dizer que não nos banhamos duas vezes no mesmo rio. Cada coisa é e não é, ao mesmo tempo. Todo Universo está submetido a um eterno fluir e a vida requer contradição, antagonismo, guerra. Nós mesmos somos e não somos, porque existir, viver, significa tornar-se, ou seja, mudar a própria condição atual por uma outra“.

Lembre-se de como você se portou nos primeiros dias de seu emprego ou da faculdade, com imensa vontade de aprender, de olhos bem abertos prestando atenção em tudo à sua volta, compartilhando e comemorando cada uma de suas conquistas, sempre com frio na barriga, mas com objetivos bem definidos. Onde está essa pessoa agora? E o cuidado diligente que tinha quando se tornou pai, a dedicação de quando começou um namoro, para onde foram?

É com este espírito de mudança que você deveria permanecer sempre, não espere pelo governo ou os seus chefes mudarem, não espere o dólar subir ou a bolsa cair, não espere o filho chegar ou o amor acontecer, não espere! O mundo é mudança, a vida é fluxo, seja mutável, seja como a água.

Referências Resiliência: Antologia ilustrada de FIlosofia, Ubaldo Nicola, 2005. Uma Breve História do Tempo, Stephen Hawking, 1988. HowStuffWorks.com. HypeScience.com.

Kaizen

A importância do desenvolvimento pessoal contínuo.

Apesar de ainda estar em início de carreira, já passei por algumas provações. Foram duas faculdades, uma pós-graduação e muitos cursos de extensão, aprendi outros dois idiomas e principalmente sempre busquei muita informação. Quando comecei em minha empresa atual, como vendedor, tracei a meta de ter uma promoção por ano até me tornar executivo e, felizmente, com muito comprometimento, consegui.

Mas esse post não é para lhe falar sobre superação, determinação ou coisas do tipo, é para lhe fazer um alerta, para que sua dedicação nunca diminua.

Algumas vezes, trabalhei com pessoas que não se sentiam capazes ou merecedoras de alcançar novos patamares, que não traçavam objetivos ou não tinham entusiasmo suficiente e, ainda, aquelas que simplesmente não queriam prosperar.  Em algumas dessas ocasiões, percebi que para me destacar, precisaria apenas fazer o meu trabalho, nada além disso. Ao adotar essa postura, parei no tempo e perdi boas oportunidades de desenvolvimento.

Certa vez, na palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella, ouvi uma frase que resume bem essa situação: “o animal satisfeito dorme”. Isso me fez perceber o perigo da falta de competitividade e da grande barreira que o comodismo pode trazer.  Você já deve ter passado por alguma situação em que estava “satisfeito” com o seu trabalho, fazendo apenas o que lhe é demandado e de repente, de um dia para o outro, entra alguém novo em sua área, muito motivado, com experiência, diversos cursos de especialização, vivência internacional, passagem por grandes empresas, participação em projetos relevantes e, ainda por cima, mais jovem que você. A sua reação é negativa, afinal, certamente perderá espaço e despertará a horrível sensação de que você não deveria ter ficado tanto tempo parado.

O ponto positivo é que esse novo colega pode, na verdade, ser o catalizador da sua mudança, pode ser o que faltava para lhe fazer se sentir um aprendiz novamente. É claro que você vai precisar de muita humildade para admitir que tem algo a aprender com alguém que acabou de chegar, mas muitos de nós somos movidos pela competição e, enquanto ela for saudável, você tem mais é que aproveitar essa energia extra.

Se não tiver a sorte de ter competidores com as mesmas ambições que as suas, a solução é desafiar a si mesmo, trabalhar por uma evolução contínua, esquecer dos acomodados e superar-se a cada dia, travando um verdadeiro duelo com o seu passado. Esse pode ser o caminho mais difícil, mas se tiver êxito, terá a invejável capacidade de se manter motivado em qualquer cenário.

 

O DNA do sucesso

O caminho para o êxito e suas armadilhas.

Em 1868, um cientista chamado Friedrich Miescher conduziu, na Alemanha, uma pesquisa bastante peculiar para entender o sangue humano, mais precisamente o núcleo das células. Utilizou para este fim duas substâncias nada agradáveis: muco extraído do revestimento do estômago de porcos e pus extraído de bandagens dos soldados feridos na guerra contra a Prússia. Com essas pesquisas, nada ortodoxas, ele descobriu que havia algo a mais no núcleo das células do que se conhecia na época, a nova substância foi batizada de nucleína.

Curioso, Miescher começou a procurar nucleína em outras células humanas e numa variedade enorme de criaturas, de rãs a salmões. Onde quer que a procurasse, ele a encontrava. A substância era claramente universal e importante, embora o próprio Miescher nunca tenha percebido o quanto

Mosley e Lynch

Anos depois, em 1944, Oswald Avery publicou um estudo, o qual conseguiu fazer com que bactérias deixassem de ser letais ao remover a ainda desprezada nucleína. Apesar do feito de grande impacto para ciência,  foi ofuscado por seu chefe de pesquisas, que nunca o apoiou por achar que tratava-se de uma pesquisa sem importância.

Embora tivesse ficado claro que Avery fizera uma descoberta de enorme importância, o chefe intercedeu junto ao comitê do Prêmio Nobel para certificar-se de que seu subordinado nunca fosse recompensado. Avery foi descrito como o mais merecedor dos cientistas que nunca recebeu um Prêmio Nobel”.

Mosley e Lynch

A nucleína mudou de nome, virou DNA, mas, Miescher e Avery não tiveram o merecido reconhecimento em vida. Infelizmente, o sucesso não depende apenas do seu trabalho e conhecimento, é preciso prospectar diligentemente as oportunidadespromover seus projetos de maneira assertiva e ainda conquistar aliados que lhe apoiem e auxiliem. Não se acomode com a esperança de um mundo ideal ou mais justo, desvende o seu DNA e use-o a seu favor.

Referência: Michael Mosley e John Lynch, Uma História da Ciência, 2010.

Dieta de Informação

Desconecte-se! Controle sua fome por conhecimento ou será dominado por ela.

Os livros que tem em casa nunca serão suficientes, precisará sempre de mais, porém, não conseguirá se concentrar muito tempo em apenas um. Sempre lerá com pressa, como se pudesse perder alguma informação importante em outro meio. A busca por atualizações em redes sociais lhe deixarão alienado de tal maneira, que quando se der conta de quanto tempo ficou ali, será como sair de uma espécie de transe. A tv nunca ficará no mesmo canal. O acesso aos emails acontecerá de forma automática e frequente, fazendo com que trabalhe mais tempo devido a sua insegurança de deixar algo passar e ser mal visto, do que a real necessidade de produzir. E no final do dia, não vai se lembrar de nada além de um vídeo sobre gatos.

O trabalho por insegurança ameaça ser um peso, além de evitar que você escape do barulho infinito que é pensar somente na opinião do mundo. Para visualizar o que virá a ser, você deve evitar a preocupação constante sobre o que já é

Scott Belsky

Não deixe isso acontecer. Fuja das redes sociais, do controle remoto da tv, ou melhor, da própria tv, fuja dos vídeos engraçados do youtube e das discussões sem sentido. Nada disso importa.

Faça uma reeducação da maneira como consome informação, seja mais seletivo, busque qualidade, cresça e ganhe tempo.

Só não deixe de assistir sua série favorita (on demand, por favor)

Referências: A dieta da Informação, Clay A. Johnson, 2012. A Ideia é boa e agora? Scott Belsky, 2010. Podcast: Man in The Arena Ep. 08

 

Ecletismo ou Especialidade?

Uma importante decisão a ser tomada.

Ainda não fez um ano que me tornei executivo e, nesse meio-tempo, carreguei comigo uma inquietação: Vale a pena saber um pouco de muito ou muito de pouco?

O conhecimento eclético tem seu charme, afinal, grandes pensadores seguiam essa linha, como Leonardo Da Vinci, por exemplo, que era, entre outras coisas, pintor, geólogo, anatomista, químico e mudou sua época. O ecletismo também funciona bem para empreendedores. Funcionários especialistas tendem a dar mais importância à sua área de atuação na empresa, mas, quando passam a ser donos, percebem a necessidade de olhar sua organização como um todo.

A favor da especialidade, conheço muitos entusiastas, mas me chama a atenção uma antiga teoria econômica chamada Vantagem Comparativa de David Ricardo (1772 – 1823), na qual diz, entre outras coisas, que se você estiver fazendo algo, mas poderia estar fazendo outra coisa de maneira mais eficiente, está perdendo um bem valioso e escasso: o tempo. Em resumo, é como se alguém que fosse muito bom em finanças, passasse parte do seu dia montando apresentações.

Eu tomei minha decisão, por três motivos:

  1. Como o nome do blog já diz, tenho o objetivo de chegar ao topo da hierarquia empresarial e, para isso, precisarei ter uma visão muito mais holística.
  2. Não se trata de uma decisão absolutamente racional, ela é enviesada por minha curiosidade, sempre gostei de aprender sobre diversos temas, então felizmente será um caminho mais confortável.
  3. E finalmente, por que o eclitismo me fez chegar onde estou hoje. Nada como apresentar teorias econômicas para o pessoal de marketing, ou falar de filosofia com a área de produtos, a cultura ampla é capaz de agregar valores inovadores para qualquer área.

Não pare de se questionar, construa uma estratégia para seus objetivos e atue. Espero que você sempre  reflita sobre qual a melhor abordagem e, caso necessário, é só ajustar a mira.

Referências: The Principles of Political Economy and Taxation, David Ricardo, 1817.